Muito tempo depois quando eu fui demitido pelo presidente Collor, eu comecei a participar de atividades no sindicato dos Urbanitários de Pernabuco. Aí eu tive mais aproximação com os ex-colegas que há muito tempo não os via. Em qualquer canto no sindicato a gente se reunia com os colegas anistiados. E uma sala dos aposentados, onde a gente também ia pra lá pra conversar e trocar ideias.
O Boró sempre foi uma pessoa que dava atenção aos anistiados e torcia pelo seu sucesso. Essa amizade foi se solidificando e sempre que fazíamos reuniões o Boró estava lá. Discutia, apontava os erros praticados contra os anistiados. Gostava de política e era coerente.
Fui coordenador e ajudei aos colegas com os meus conhecimentos de informática, criei um banco de dados dos anistiados, para facilitar o andamento dos processos e das comunicações com Brasília. Dei treinamentos e com isso Boró ficava observando. As vezes comentava o esforço que eu fazia, em que na maioria das vezes era um trabalho sem nenhum erário. Trabalhava de graça. Durante todo este período os anistiados foram lentamente readquirindo os seus empregos com ajuda da CEI.
Por fim, sobrei e ficava lá quase todos as manhãs na espera de que algo acontecesse. O Boró ficava indignado, como era que eu ajudei tanto, não retornava ao emprego.
Até que um dia, através da justiça, com o empenho do Dr Eolo, eu retornei à Chesf. O Borá ficou emocionado e me deu um aperto de mão e um abraço e encheu os olhos de lágrimas.
Foi um homem de verdade com o seu paradigma de que a justiça deveria está em primeiro lugar. Sempre elogiava aquele que fazia o correto e "metia o pau" nas mentiras e promessas vãs.
De repente eu soube do seu falecimento. Foi tão de repente a notícia que eu não lembro o dia. Foi "ontem", não sei, nunca mais vou vê-lo. Mas a minha lembrança ficou na mente e nestas fotos que deixo aqui para que ele seja lembrado como um homem de verdade e de bem.
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